A "33ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo" terminou em 5 de novembro, após a exibição de 424 produções de diversos países nas categorias "Competição de Novos Diretores", a "Perspectiva Internacional", a "Mostra Brasil", "Retrospectivas" e a "Mostra Suécia". É sempre interessante participar desse prestigiado evento que é uma janela de acesso a filmes que dificilmente terão espaço nos cinemas, locadoras e lojas brasileiras.


Foi na Mostra de 2002 que tive o privilégio de conferir o excelente "Fácil de Enterrar" (Soft For Digging, 2001), que é um exemplo claro de produção que não teve lançamento no Brasil e muitos fãs do gênero perderam a oportunidade de conhecer o pesadelo do velho Virgil e seu encontro com a morte de uma criança.

Apesar de fã do festival, devido ao excesso de trabalho e alguns problemas de saúde na família, só consegui ver um único filme, o terror da Singapura "Macabro", no Cine Olido, ao lado de Felipe M.Guerra e dos infernautas Neto e Coffin Fang. E posso dizer que valeu bastante a pena - o filme não tem nada de inovador, mas é bem divertido e sangrento, um prato cheio para os fãs dos clássicos "O Massacre da Serra Elétrica" e "Fome Animal".

É a primeira produção do estúdio "Gorylah Pictures", da Singapura, e tem a direção da dupla da Indonésia conhecida como The Mo Brothers (Kimo Stamboel e Timo Tjahjanto), que, em 2007, dirigiu um curta chamado "Dara", a fonte de inspiração para "Macabro", já contando com a protagonista vilâ do remake, Shareefa Daanish. Aliás, é ela o maior destaque do filme, com seu jeito seco de lidar com visitas e sua voz carregada de simplicidade e maldade.

O enredo é bem simples: nos primeiros trinta minutos conheceremos 6 pessoas num pub em Bandung, pretendendo uma viagem para Jacarta. Na saída para a estrada, encontram uma jovem perdida, a bela Maya (Imelda Therinne), e decidem levá-la para sua residência. Se o grupo fosse fã de filmes de terror notariam os sinais claros de uma tragédia iminente como: a garota estar sozinha na região, sua postura atípica, a moradia sinistra com cabeças de animais e armas para todo lado, uma família que não esconde um lado sombrio. Inclusive, uma das jovens chega a presenciar um dos membros da família carregando algo pelo jardim...

Depois de uma bela refeição, sem a presença de dois amigos, um casal cuja esposa espera um filho em seu oitavo mês, todos acabam dormindo, sem conseguir ouvir a voz da anfitriã Dara pedindo que o filho leve-os para o sótão e prepare as ferramentas para algum ritual macabro. A partir daí, o filme engata uma quinta marcha, com o grupo tentando sobreviver aos quatro assassinos, enquanto fogem pelos cômodos da casa e pela mata. A diversão torna-se ainda maior quando chega um grupo de policiais para revistar o local, culminando num massacre em proporções inimagináveis, com tiros de bestas, espingardas e até uma batalha envolvendo uma motossera e um espada de Samurai - algo parecido com o que vemos no encontro entre Jason e Leatherface nos quadrinhos. A propósito, os The Mo Brothers têm o seu próprio Leatherface, um gordão escroto, sem rosto deformado, mas silencioso e sádico.

O que interessa em "Macabro" há de sobra: sangue, tripas, a violência que não poupa o espectador em mostrar ferimento nos olhos, nas mãos, queimaduras, membros decepados e até esqueletos de bebês - num dos momentos mais terríveis do filme. E ainda sequências que permitem o riso involuntário como os policiais na moradia, a imortalidade dos personagens - talvez por se alimentar de carne humana - e, principalmente, a canastrice de Adam, com seu olhar de maldade exageradamente teatral.

Ainda assim, recomendo às distribuidoras o lançamento no Brasil e aos infernautas que deem uma oportunidade para a família mais assustadora de Jacarta.

1 Necronomicon:

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