Supernatural 4x04 - Metamorphosis


Para uma série como "Supernatural" ser levada a sério, é comum os roteiristas buscarem histórias que possam se aproximar da realidade do espectador ou dos personagens principais. É o mesmo que acontece com um professor em sala de aula, quando precisa apresentar usos práticos de seus ensinamentos com a intenção de atrair a atenção dos alunos. No caso das séries fantásticas, os autores fazem uso de metáforas - no caso, por meio de criaturas sobrenaturais - para "ensinar" ao público e aos personagens alguma coisa que será útil mais tarde. Em "Buffy" mesmo, quando percebemos que aqueles monstros nada mais são do que representações dos estágios mais comuns da passagem da adolescência para a vida adulta.


No episódio "Metamorphosis", de "Supernatural", exibido dia 9 de outubro, temos um exemplo bem claro desse uso. Continuando exatamente onde o anterior terminou, Castiel havia pedido para Dean Winchester seguir Sam e o alertou de uma possibilidade de impedir que o irmão continuasse agindo do modo como está - ou Deus mesmo faria o trabalho por ele (sentiu a responsabilidade?). Com o tom de uma novela global, acompanhamos o momento dramático em que Dean descobre que Sam aprendeu a utilizar um poder de exorcizar os demônio sem tocá-los. A vantagem dessa técnica é a possibilidade de salvar a vítima, já que poucos sobreviviam ao processo de leitura de palavras em latim. Apesar de, não oficialmente, concordar com a atitude de Sam, Dean acaba tendo que pedir que o irmão pare de fazer isso, pois estaria agindo contra as vontades divinas. Todo esse processo de transformação de Sam é metaforizado pela presença de um poderoso demônio chamado "Ruguru", uma criatura voraz que se esconde no interior do hospedeiro até que a vítima se alimente de carne humana pela primeira vez - como acontece com as lendas de vampiros e a necessidade de sua primeira "refeição").

A doença é passada de geração para geração e tem os primeiros sintomas demonstrados através de uma fome voraz. Um homem comum chamado Jack Montgomery (Dameon Clarke, que estará na próxima temporada de "24 Horas"), bem casado, e feliz, passa a sentir um desejo doente de se alimentar, primeiramente com carne mal passada, depois, sentindo-se atraído pelo sangue humano, o da sua esposa Michelle (Joanne Kelly), de preferência. O caçador que os convocou, Travis (Ron Lea, em sua única participação no seriado), deixa claro que a única forma de agir seria queimando a vítima antes que ele se transforme na poderosa criatura, mas enfrenta o dilema de Sam, que acredita que a pessoa tendo consciência de seus atos não se influenciaria pela sua natureza ainda que a tentação seja grande. Notou a metáfora? Em ambos os casos, fica claro que um processo de metamorfose está prestes a acontecer (com Sam e seu sangue demoníaco; com o homem e a criatura prestes a despertar), e Dean terá uma terrível batalha pela frente, mesmo Sam acreditando ser capaz de dominar seus poderes.

A temporada até o momento está brilhante. Todos os episódios estão mantendo uma relação direta com a mitologia da série e da temporada (diferente do que aconteceu nas duas primeiras). O lado negativo fica por conta da ausência do humor característico de Dean - mas, é justificado pelo peso dramático do episódio - e de uma trilha sonora mais rock´n roll.
A descoberta de que Ruby está ajudando Sam também não fez muita diferença, até o momento. A intenção era realmente preparar os personagens para o fim trágico que parece inevitável.
A Bíblia fala a respeito do confronto entre irmão por diversas vezes. Fica aqui uma mensagem mais apropriada: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo” (Efésios 4:26-27).

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